Nº 56
Para que tudo aconteça ao contrário - afinal o que deseja genuinamente a pessoa humana - é necessário permitir que «Deus tenha lugar na esfera pública»
Esperança e perplexidade cruzam-se nos olhares sobre o amanhã. A projecção de tempos próximos na comunidade nacional, na família, no trabalho, na educação, na história de cada pessoa permanece frequentemente presa aos horizontes ditados pela divulgação mediática do presente e do futuro, muito determinados por factores circunstanciais que influenciam decisões históricas, mas pouco passam para a História.
Uma equação que raramente inclui Deus. Nesses casos, quando Deus não tem o “estatuto de cidadania”, não acontece o “encontro entre as pessoas” em “colaboração para o progresso da humanidade”, a “vida pública torna-se pobre de motivações”, a política assume “um rosto oprimente e agressivo”, os “direitos humanos correm o risco de não ser respeitados”, perde-se a “possibilidade de diálogo fecundo e uma profícua colaboração entre razão e fé religiosa”, a política assume-se “omnipotente” e o desenvolvimento é afectado por “um custo muito gravoso”.
Para que tudo aconteça ao contrário – afinal o que deseja genuinamente a pessoa humana – é necessário permitir que “Deus tenha lugar na esfera pública”. O que se traduz na possibilidade de incluir Deus “nas dimensões cultural, social, económica e particularmente política” de cada sociedade.
Como? - Com a ajuda da razão, porque “a religião precisa sempre de ser purificada pela razão, para mostrar o seu autêntico rosto humano”.
Um percurso reflexivo proposto por um único número da Encíclica Caritas in Veritate, de Bento XVI: o nº 56.
Sem querer analisar situações específicas do contexto presente, a proposta assim formulada pelo Papa poderia ajudar a resolver muitas delas.
Paulo Rocha
PS. A partir do próximo dia 1 de Abril, a Agência Ecclesia normaliza os conteúdos que produz pelo Livro de Estilo da Agência Ecclesia. As notícias publicadas em www.agencia.ecclesia.pt, distribuídas nas duas newsletters diárias e no Semanário obedecem ao estilo aí definido.
Para a redacção do Livro de Estilo contribuiu decisivamente a colaboração do jornalista João Pinheiro de Almeida, que dinamizou o debate em torno da importância e dos conteúdos deste instrumento na redacção de uma agência de notícias, actualizando sucessivamente o documento com os resultados das sessões de trabalho que, ao longo de quase um ano, a Agência Ecclesia foi realizando entre todos os jornalistas que a integram. Por tudo, um sincero obrigado da Agência Ecclesia!
O dia 1 de Abril de 2011 marca também o início da publicação dos vários conteúdos Ecclesia segundo o novo Acordo Ortográfico.
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