Pai Natal em risco
Os primeiros sinais do Natal chegaram, uma vez mais, pelo comércio. Com o calor a entrar pelo Outono dentro, tardaram sons, sinais e cheiros característicos do Dezembro natalício. O mesmo não se diga da azáfama comercial, estrategicamente montada por muitos centros de consumo, com a particularidade de não contar apenas com essa simpática figura de longas barbas brancas.
Com culpas quase exclusivas, outrora, pela usurpação das festas natalícias, o Pai Natal pode mesmo ter os dias contados. São hoje novas as personagens que se lançam à conquista das emoções que a quadra gera. Não para fazer esquecer – como se fosse possível - o acontecimento central do Natal, o nascimento de Jesus Cristo. Antes com a ousadia, atrevimento mesmo, de “competir” com o Pai Natal, qual “genérico” desta época do ano.
Os dias que correm não colocam só em tensão a maior valorização do Presépio ou da árvore de Natal, do Menino Jesus ou do Pai Natal. Ganham relevância pública outras personagens, imaginadas, criadas e propostas apenas com o objectivo de induzir a comprar. E com a agressividade suficiente para atingir o imaginário de adolescentes e jovens, moldar comportamentos e criar novas necessidades.
À valorização, negativa ou positiva, de tais propostas, junte-se o desafio de clarificar o acontecimento celebrado em cada Natal. Não serão precisos muitos anos para ser necessário explicar que tanto a Leopoldina como a Popota nada têm a ver com o Natal e apenas são “personagens” para campanhas de publicidade de cadeias de supermercados.
Ao relevo, preocupante, que elas ganham ao se associarem à época natalícia adicione-se a oportunidade de um desafio. O pluralismo e o relativismo em que se banham sociedades do Ocidente obrigam a que se viva em coerência de convicções, sobretudo as religiosas, celebrando-as pessoal e comunitariamente. Transmitindo também às novas gerações o que identifica os dias que correm, as razões de celebrações em família e os ciclos temporais em que se inserem.
Este ano, a iniciativa “Estandartes de Natal 2009” pode ser uma excelente oportunidade para afirmar publicamente porque se celebra o Natal. O sítio www.estandartesdenatal.org diz como: basta substituir laços, cores e luzinhas por um estandarte com a imagem d’Aquele que nasce.
Paulo Rocha
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