Jesus de Nazaré
Num momento em que, cada vez mais, os «15 minutos de fama» se aproximam de «15 segundos de fama», contar e recontar uma história com mais de dois mil anos parece um contra-senso
Lembro-me muitas vezes de uma passagem cinematográfica que apresentava Jesus, regressado à terra, em plena televisão, perante uma audiência mundial: no primeiro dia, a sua aparição batia todos os recordes, mas nos dias seguintes, os números iam descendo, até se confundir a sua presença com outro qualquer produto mediático. Não registei o nome do filme, mas são imagens que me têm acompanhado, sempre que o assunto é este.
Num momento em que, cada vez mais, os «15 minutos de fama» se aproximam de «15 segundos de fama», contar e recontar uma história com mais de dois mil anos parece um contra-senso. Mas acredito que há sempre uma boa justificação quando o protagonista é Jesus de Nazaré.
O fascínio que a figura de Jesus – e a fé dos seus seguidores, ao longo de dois milénios – exerce sobre crentes e não crentes tem sido explicado das mais diversas formas e é legítimo questionar o que pode significar, verdadeiramente, para os dias de hoje, a vida daquele que, para os cristãos, é Deus feito homem.
Reconheça-se que, desde o início do cristianismo, muitas foram as divisões que o entendimento do próprio Jesus Cristo provocou. Algumas dessas heresias e correntes de pensamento nunca se afastaram do fundo cultural e mesmo religioso de muitas populações, incluindo em Portugal, onde o arianismo – doutrina que negava a divindade de Cristo, reduzindo-o a simples enviado do Pai - teve forte implantação.
Bento XVI vai apresentar, em breve, a segunda parte do seu livro sobre a vida de Jesus e não pode admirar que a sua grande obra literária – que não interrompeu após a eleição pontifícia – seja centrada naquele que sustenta e anima toda a vida da Igreja.
Outros autores e polémicas se lhe seguirão - alguns aproveitando o período da Quaresma, como tem sido hábito nos últimos anos, para desenterrar escritos ou achados arqueológicos que supostamente colocam em causa toda a estrutura do catolicismo.
Sabemos ainda que muitos têm optado pela táctica «wikileaks»: declarações são tomadas como factos para que haja “revelações” e não apenas a mera constatação de uma opinião.
Aos que acreditam resta estar preparados e, sobretudo, aprender: não se pode nunca pressupor que aquilo que sabemos é suficiente e os desafios que a ignorância - própria ou alheia - pode levantar devem ser vistos com humildade. Dois mil anos depois, afinal, ainda há muito para descobrir.
Octávio Carmo
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