Um balanço em perguntas
É bom que também a Igreja se interrogue sobre se incrementou o serviço aos seniores, melhorando a sua pastoral neste domínio Faz-se, por estes dias, o balanço do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações vivido ao longo de 2012. Registo, com agrado, que os responsáveis não desejam apenas contabilizar iniciativas levadas a cabo - comprazendo-se nos números cumpridos - mas pretendem, sobretudo, ver como percorrer no futuro os caminhos até agora abertos. A não ser assim, aliás, estaríamos perante mais um momento de entusiasmo estéril, por não gerar novas e melhores oportunidades para os mais velhos e mais conscientes responsabilidades para os decisores e a sociedade em geral. Na minha ótica, o balanço tem de fazer-se transformando os objetivos desenhados no início do Ano em perguntas honestamente respondidas. Por exemplo: Estão a ser efetivamente reconhecidos o potencial e as oportunidades do envelhecimento ativo? Aceitamos melhor os anciãos como parte da cena social e - na expressão de João Paulo II - percebemos que a sua vida “ajuda a clarificar uma escala de valores humanos”? Estamos, um ano volvido, mais sensibilizados para a importância da intergeracionalidade para a coesão e desenvolvimento da sociedade como um todo? “Uma sociedade verdadeiramente multigeracional - disse o representante da Santa Sé na Conferência Ministerial Europeia Sobre o Envelhecimento, em abril de 2002 - é aquela em que as pessoas da terceira idade sentem que lhe pertencem plenamente, em que a sua dignidade é sempre protegida, em que elas não têm medo e em que a sua contribuição seja respeitada e a sua sabedoria apreciada”. Neste tempo de balanço é bom que também a Igreja se interrogue sobre se incrementou o serviço aos seniores, melhorando a sua pastoral neste domínio. Deixando, por exemplo, de os considerar apenas como os mais assíduos dos praticantes, que evitam a total desertificação das missas da semana... Há, realmente, a obrigação de contribuir para a sua qualidade de vida, através de iniciativas que os envolvam fora dos atos de culto. As nossas paróquias podem e devem, de facto, ajudá-los a manter e alargar o círculo em que se movem, pois que uma boa e diversificada rede social melhora a qualidade de vida; podem e devem atribuir-lhes tarefas - sendo o aconselhamento, enraizado na sua experiência, uma das mais evidentes. João Aguiar Campos
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