Novas buscas
Multiplicam-se por estes dias iniciativas em busca de novos públicos e buscas pessoais pelo diferente, o que sai da rotina, tantas vezes sufocante, de um ano de trabalho ou estudo.
Mesmo dentro da Igreja, há uma preocupação de chegar a locais onde não se chega habitualmente, através dos mais jovens, promovendo acções de voluntariado e de missionação.
Seja pela existência, efectiva, de maior disponibilidade, seja pelo facto de haver rotinas que não se podem manter pelos mais diversos motivos, o tempo de maior calor convida, em Portugal, a novas buscas.
Em primeiro lugar, seria justo que fosse uma busca de si próprio, da identidade atropelada pela altíssima velocidade a que se desenrolam os dias, debaixo do bombardeamento de obrigações, preocupações, projectos e necessidades que nem sempre são fáceis de cumprir ou satisfazer.
O actual estado da sociedade, martirizada pela crise económica, deve levar ainda a um questionamento sobre a perda de uma certa identidade social em que existia maior preocupação pela precariedade alheia e se multiplicavam respostas mais ou menos espontâneas, sem esperar pela iniciativa “salvadora” do Estado.
Essa busca pessoal e comunitária precisa, como têm afirmado vários responsáveis da Igreja Católica, de valores que a guiem e enquadrem, para que as respostas façam sentido e o caminho seja identificável e, acima de tudo, percorrível.
Nesse sentido, é lógico pensar que novas buscas precisam de novas propostas, de nova linguagem, de compromisso em campos até agora inexplorados ou julgados indignos por quem tem a responsabilidade, em função da sua fé católica, de atender a qualquer drama que atinja um ser humano que esteja perto de si.
A massa com que este novo mundo se pode construir é, necessariamente, muito moldada pelo que for incutido nas novas gerações e por isso será interessante acompanhar de perto o que se vai fazer este Verão, um pouco por todo o país, com destaque para a peregrinação da Cruz da Jornada Mundial da Juventude.
Propostas repetitivas, estereotipadas, decalcadas do passado não mobilizam nem atraem quem vive em novas buscas, sem compreender muitas vezes o sentido daquilo que vive nem vislumbrar os sonhos do que verdadeiramente gostaria de viver. Um desafio destes merece um compromisso à altura, por parte de todos.
Octávio Carmo
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