No labirinto da crise
«A Humanidade só pode crescer como um todo» e «esse todo não é apenas material, mas sobretudo espiritual e cultural» Procuram-se soluções. Desejam-se certezas sobre o amanhã. É grande a vontade de ter respostas, de saber, sem rodeios nem enganos, o que fazer e com o que contar. Poucas vezes, porém, se murmuram interrogações sobre o sentido das coisas e da vida, sobre o ser pessoa neste tempo, as razões para ser mais e melhor todos os dias. Os problemas sociais e económicos, individuais e da sociedade, parecem fazer esquecer o essencial da existência, aquilo que não se contabiliza em folhas de cálculo ou em listagens de estatísticas. Sem esquecer a necessária luta pela justiça social e pela conquista da dignidade de vida para todas as pessoas, é preciso primeiro clarificar as questões que derivam da procura do sentido da vida, do valor dado a cada momento e das motivações imediatas e últimas. Só posteriormente se podem encontrar soluções para os problemas de âmbito económico e social. José Mattoso, na recolha de artigos e conferências em torno do tema da sabedoria, publicados no livro “Levantar o Céu – Os labirintos da Sabedoria”, responde a estes dois grupos de questões. Este volume, fundamentado na investigação da História e na profundidade espiritual do autor, oferece um quadro interpretativo do momento presente, informa sobre as opções civilizacionais que lhe deram origem e aponta para as necessárias mudanças de rumo. Nestas páginas, sim, encontram-se as soluções para os problemas do amanhã, aqueles que todas as pessoas anseiam ver resolvidos. Mas com surpresas. “A Humanidade só pode crescer como um todo” e “esse todo não é apenas material, mas sobretudo espiritual e cultural”, sustenta o autor. Para “encontrar a saída do labirinto em que a vida nos coloca”, José Mattoso sugere a procura do “desenvolvimento espiritual, cultural e solidário, orientado para o progresso integral do homem e não apenas para o benefício de uma minoria egoísta, irresponsável e predadora”. Como o conseguir? – a resposta é do historiador: “Creio que a perspetiva meramente ética, cívica e laica acerca do valor do princípio da cidadania como fator de desenvolvimento humano é ineficaz. Encerra os cidadãos num plano limitado e material, e este torna-se inoperante para neutralizar a tendência egoísta e gananciosa do homem. Se queremos manter a esperança num futuro melhor para a Humanidade temos de recuperar a noção do sagrado”. A celebração do Ano da Fé pode oferecer uma ocasião de excelência para essa recuperação da “noção do sagrado” na procura de um futuro melhor para a Humanidade. Paulo Rocha
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