Faça-se a Festa!
É nossa responsabilidade celebrar em toda a plenitude este momento fascinante e tremendo em que Deus se faz um de nós
Multiplicam-se, por estes dias, as reflexões sobre o que se deve celebrar no Natal e sobre a forma como isso se faz. À margem das imagens desenfreadas que todos os anos se repetem, é justo salientar que toda esta correria que consome tanto as pessoas acabará por dar lugar a um tempo de paragem, de celebração e mesmo de reflexão, nas horas finais do dia 24 e no dia 25.
O essencial, pode dizer-se, está em perceber que há festa. Na minha Madeira natal, aliás, toda esta quadra é “a” Festa, assim, sem mais, porque é mesmo disso que se trata. Mais do que preocupar-nos com a paganização ou não destes dias tão carregados de simbolismo para qualquer cristão, é nossa responsabilidade celebrar em toda a plenitude e esplendor este momento fascinante e tremendo em que Deus se faz um de nós, para percorrer os caminhos da nossa história.
Pode ser que estejamos enferrujados, porque nada nos faz festejar, ou, pelo contrário, vivamos numa espécie de sonambulismo, em que mais festa ou menos festa vai tudo parar ao mesmo. Mas esta, a do Natal, é mesmo especial e é quase impossível resistir aos seus muitos encantos, que este ano ainda por cima chegam cobertos com um manto de frio que nos remete para uma memória colectiva de outra parte da humanidade, mais habituada a lidar e a cantar o Natal branco – a ver vamos se as alterações climáticas não nos obrigarão a inventar canções próprias…
Um dos segredos desta celebração é o saber partilhar. Com os que nos são mais próximos, com aqueles que professam a mesma fé no Jesus que se fez Menino e viveu entre nós, com os que em todo o mundo fazem destes dias uma ocasião especial de encontro, de júbilo, de mudança. É também oportunidade para olhar em volta e perceber quem está com menos vontade de festejar e ajudar, sem pretensões de superioridade nem julgamentos sumários.
São muitas as palavras que ganham uma nova dimensão nesta quadra, mesmo que estejamos habituados a olhar para elas com alguma indiferença, cepticismo ou mesmo pessimismo. Indo além da dimensão social/solidária que a celebração tem vindo a ganhar, de forma sustentada, há em todos os cristãos uma certeza que tem de ser dita e repetida até à exaustão: Jesus, o Cristo, veio até nós e montou aqui a sua tenda. Assim é mais fácil acompanhar-nos, onde quer que vamos.
Faça-se a Festa!
Octávio Carmo
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