A nova árvore da vida
O chamado efeito viral duma comunicação veio alterar todos os códigos convencionais de ética informativa
O recente escândalo sexual de Nova Iorque com o Diretor do FMI levou cada francês a procurar, numa semana, mais de 135 vezes notícias sobre o tema. Muito mais do que aquando o desastre nuclear de Fukushima. A informação foi avançada pelo porta-voz da Conferência Episcopal Francesa. E conduziu à velha questão da informação de “ruído único”. Na produção e procura.
Não está encerrado o velho duelo entre quem tem obrigação de oferecer uma informação livre, objetiva, hierarquizada na sua importância e interesse público e quem tem de a procurar com as mesmas características. Esta bizarra lei da oferta e da procura faz do acontecimento uma mercadoria com regras para quem vende e sem exigências para quem compra. A ideia genérica é que quem informa tem deveres, quem procura informação apenas tem direitos. A verdade é que o mercado comercial ou político das audiências condiciona quem vende ao gosto de quem consome informação. A escolha dum canal, dum jornal ou rádio, dum noticiário, tem uma importância capital nos critérios editoriais de quem informa. Mesmo quando se trata dum “serviço público”
Hoje, um novo fenómeno se abre: a interação direta nos novos media. Todos produzem e todos recebem informação. As redes sociais alimentam-se de notícias, palavras, comentários e imagens nascidas num pequeno grupo, partilhadas e facilmente disseminadas por milhares de milhões de pessoas. O chamado efeito viral duma comunicação veio alterar todos os códigos convencionais de ética informativa. Veio fazer de cada cidadão um autor e ator de notícias que irrompem numa explosão avassala-dora. É indiscutível que se estabelecem redes extraordinárias de proximidade entre parentes e amigos que cada vez vencem mais distâncias. Novas e preciosas informações circulam pelo planeta no grande festival de encontro e enriquecimento mútuo com outras culturas, dados, visitas a todos os santuários do saber, do celebrar e orar. O mundo nunca esteve tão aberto e disponível a partilhar o que é e tem. Mas, como se percebe, por estas plataformas tudo pode passar. E se não houver responsabilidade em quem comunica e quem recebe – todos somos a um tempo uma coisa e outra - perderemos uma nova oportunidade de aprendizagem e comunicação que o mundo nos oferece. E por vezes acontece, como nos recentes vídeos de violência, que se cruzam os meios tradicionais e os mais recentes. Nem sempre para o bem. A técnica passa, o homem fica. E são os seus parâmetros de dignidade que extraem os melhores frutos dessa nova árvore da vida.
António Rego
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