18/01/12

Igrejas a saque: um flagelo que nos compete travar

São centenas as ocorrências registadas que aguardam por informações esclarecedoras, que permitam a identificação mínima dos objetos desaparecidos

Os furtos em templos católicos constituem, de longa data, um dos mais preocupantes delitos cometidos contra o património cultural da Igreja. Ampliadas as chamadas de atenção, no sentido de serem reforçadas medidas preventivas e meios de defesa adequados, a verdade é que algumas rotinas elementares de segurança permanecem descuradas. A implementação de um simples registo cadastral, por exemplo, continua por fazer em inúmeras igrejas.

Face à dimensão do problema, muitas são as dioceses que optam por retirar dos seus templos os objetos mais valiosos. No entanto, fechar igrejas ou encarcerar as peças, contrariando a sua vocação original, não pode constituir, em circunstância alguma, uma solução de salvaguarda aceitável.

Foi nesse sentido que o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja iniciou o recenseamento das obras de arte furtadas em igrejas, tendo em vista, não apenas um melhor conhecimento do problema, mas, sobretudo, promover a sua mais ampla divulgação. Consumado o furto, noticia-se por norma a apreensão, a detenção dos criminosos, mas não o roubo em si ou, mais importante, as peças desaparecidas.

Ferramenta online que nasce, assim, da necessidade de implementar medidas concretas no campo da preservação e salvaguarda deste património, não pretende traçar um retrato fiel do fenómeno, mas antes exercer um papel de sensibilização junto das comunidades e da sociedade em geral.

Urge agora atuar em conformidade e assegurar uma comunicação constante e eficaz, nomeadamente entre os diversos serviços diocesanos, paróquias, entidades policiais, e o próprio SNBCI. A tarefa torna-se particularmente complexa se não existir esse apoio mútuo e incondicional. São centenas as ocorrências registadas que aguardam por informações esclarecedoras, que permitam a identificação mínima dos objetos desaparecidos. Os meios de comunicação não faltam, compete-nos agora saber comunicar.

Sandra Costa Saldanha

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