Descontar na educação
De investimento educativo falaremos se avaliarmos os 25 anos da história das Jornadas Mundiais da Juventude. Elas não trouxeram soluções completas para a educação cristã das novas gerações. Dir-se-ia que provocaram desafios.
A necessidade de ajustar o desejado ao possível é assumida com normalidade. Em contexto pessoal, empresarial ou nas estruturas que têm por objectivo principal contribuir para o bem comum, é cíclica essa exigência: porque são audazes os objectivos propostos, pessoal e comunitariamente; porque surpreendem sempre as contingências que envolvem qualquer execução de um programa ou projecto.
Iniciativas relacionadas com o complexo mundo da educação também não escapam a esta regra. Na família, na escola, no grupo social, na igreja. É sempre ajustável a meta desejada à alcançada: tanto em projectos pessoais como naqueles em que os seus promotores assumem a responsabilidade formativa, aceitando o desafio de, dessa forma, propor à sociedade actores para um mundo melhor.
Não poucas vezes, no entanto, esta normalidade é afectada. Incoerências pessoais ou enganos públicos fazem com que se sugira o inalcançável. Também na educação.
Falar em paixão pela educação é já falacioso. São muitos os protagonistas sociais que o declaram revelando quase imediatamente incapacidades de lhe corresponder. Para além da casuística que o denuncia, comprovam-no sobretudo atitudes centralis-tas na educação, o carácter supletivo onde se encaixam quase todos os projectos particulares ou cooperativos e os crescentes estrangulamentos familiares de quem opta por investir, mesmo economicamente, na educação dos filhos.
Para além do que é quantificável, sempre significativo, merecem interrogação as propostas que descontam na educação. Porque estarão a descontar nas pessoas e nas sociedades.
De investimento educativo falaremos se avaliarmos os 25 anos da história das Jornadas Mundiais da Juventude. Elas não trouxeram soluções completas para a educação cristã das novas gerações. Dir-se-ia que provocaram desafios. Tanto aos milhares de jovens que nelas participaram como aos responsáveis por fazer chegar aos mais novos as propostas do Evangelho.
Recordar essa iniciativa do Papa João Paulo II, assumindo potencialidades e virtualidades que evidencia, é despertar para tarefas inacabadas no âmbito da educação. Tanto as que depende de educadores como aquelas que só acontecem por vontade dos educandos.
Paulo Rocha
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