28/05/09

Um ícone da radicalidade

No próximo Domingo o Papa Bento XVI presidirá à canonização do donato carmelita Nuno de Santa Maria, o Beato Nuno, D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável, ou, como o povo há muito se habituou a tratar, com a sua consabida sabedoria, o Santo Condestável. Raramente, no percurso da comunidade lusa, uma figura alcançou resistir com tanto vigor a modas, tempos e vontades, para sobreviver com renovada presença num hoje que nos é dado testemunhar.
Nem todos vêem o mesmo quando pousam os olhos na envergadura deste Nuno. Alguns recusam-se mesmo a ver o óbvio. A busca do absoluto, nos séculos XIV e XV como no século XXI, tinge-se com as marcas da radicalidade, provada numa vida que, sem deixar de ser intensamente vivida, não raro confunde os protagonistas do convívio, em primeira ou em segunda mão. Os clamores materializados pelos contemporâneos de D. Nuno Álvares Pereira em face da sua opção religiosa foram seguramente bem mais audíveis que o não-senso de alguns dos nossos contemporâneos, incansáveis em combater tudo o que não entendem e todos os que não conseguem tolerar. Seja como for, a vocação religiosa de Nuno de Santa Maria moldurou em definitivo a exemplaridade de uma vida. E não foi, por certo, o singular desempenho das responsabilidades públicas que trouxe a D. Nuno Álvares Pereira o afecto terno de tantas portuguesas e de tantos portugueses, vertido na confiança da sua intercessão junto d’Aquele a quem sempre procurou e a quem soube entregar-se inteiramente. Nos dias que correm, propor como ícone de santidade um homem com o percurso de vida como o protagonizado pelo Santo Condestável é um gesto que não deixa de dar visibilidade a uma provocação: tu, leitor, já te procuraste nos trilhos do mundo e nos caminhos do coração? Que viste nas tuas deambulações em busca de ti mesmo? Acreditas que não estás sozinho neste permanente construir da tua pessoa? Arrisca questionar o teu percurso à luz do que Deus te pede, talvez descubras que a vocação, também a religiosa, é sempre um projecto de amor.

João Soalheiro

1 Comentários:

Às 18 de agosto de 2009 às 00:02 , Blogger Unknown disse...

Parabéns pelo texto com que nos presenteia no seu blog!
De facto esta figura ímpar da história Portuguesa tem de ser lembrada pela sua fé, o seu estoicismo, patriotismo e acima de tudo por ter sido um homem que acreditava em si mesmo, levando um pequeno batalhão a derrotar um exército colossal.
Como admiradora que sou de Nuno Alves Pereira, não podia deixar de o exaltar, neste ano comemorativo, pela sua enorme bravura!
Deixo de seguida o meu blog onde também eu homenageio este homem. Acho que todos terão uma agradável surpresa!

http://gabrielamarquescosta.wordpress.com
Gabriela Marques da Costa

 

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